Conversamos com Shiko

Hoje é a vez do  Shiko (ontem conversamos com Diego Sanchez) falar com a gente sobre o seu lançamento, A boca quente. Os dois estarão terça aqui na Itiban pra autografar seus livros. Apenas venham!

 

A boca quente é um lançamento independente, no mesmo ano que lançou dois materiais pela Mino. Por que retornar ao mundo indie, com venda exclusiva em lançamentos e feiras?

Shiko – Porque o projeto não tem um modelo que caiba no planejamento de uma editora. porque eu arranjei esse esquema, já utilizado para a publicação do Azul [indiferente do céu] e do Talvez [seja mentira], de vender originais pelo Facebook para custear a gráfica. Porque como era uma tiragem pequena de uma publicação de poucas páginas, eu em precisava de muita grana mesmo. Porque como estamos na alta temporada de eventos, eu poderia desovar toda a tiragem até o fim do ano (esse é plano, pelo menos) sem ter que recorrer a envios, consignações e outras roubadas. Porque eu tenho uma relação pessoal que chega a ser emotiva com a experiência da autopublicação e porque essas páginas já estavam na gaveta há muito tempo, a maior parte desde 2008, e se eu não botasse isso pra rodar agora esse material provavelmente iria morrer na gaveta. E além disso tudo, o casal Mino (Jana e Lauro de Luna Larsen) botou uma pilha pra eu publicar esse quadrinho desde que eles fizeram uma visita aqui nesse amontoado de tinta , papel e gibi que eu chamo de estúdio

Qual a ideia por trás de fazer uma HQ sequencial, com meses entre uma parte e outra? Quantas partes serão ao todo?

Shiko – Acho que desde o início o plano era fazer uma coisa dividida em pequenos volumes. Primeiro, porque eu tinha acabado de lançar o BlueNote, que foi meu primeiro quadrinho num formato livro. Daí, talvez ( entenda que é difícil lembrar: estamos falando de 2007/2008) eu estivesse mais na pilha de voltar a um formato de fanzine, que era o formato com o qual eu tinha produzido meus quadrinhos até então. Fora isso, eu acho que esse roteiro tem uma pegada de folhetim, uma novelinha criminal. Ou talvez eu esteja assistindo séries demais e me deixei contaminar pela ideia dos próximos capítulos.

A segunda parte, que já está pronta, deve sair logo depois do carnaval do ano que vem. A terceira parte também está quase finalizada e acho que pode ser lançada no meio do ano. Acho sensato acabar no quinto volume, mas posso ficar criando lombras nesse universo indefinidamente. Sexo, violência, carros, distopias sociais… é um mundo sem fim.

Você disse que A boca quente seria sua última HQ. É isso mesmo? Por que quer parar com os quadrinhos?

Shiko – Desde que aquele macaco jogou o osso pra cima que a gente sabe que quadrinho é ótimo, mas é uma bosta. É cansativo, é demorado, solitário, não dá dinheiro e como qualquer outro meio profissional ou criativo, é entupido de babaca. Aí, às vezes cansa. E eu vejo os amigos brincando com outras coisas e quero me divertir também. Então, o último quadrinho é sempre o último quadrinho. Em algum momento isso será verdade. Talvez agora.

Quais são seus próximos projetos?

Shiko – Aprovamos, em um edital recente, um projeto (ANIMA LATINA) que prevê o desenvolvimento de roteiro para uma série de animação. Serão 5 episódios, 5 adaptações de contos de escritores representativos do boom latino-americano. Desses 5 episódios, o primeiro a gente já deve começar a animar em breve, é O azul indiferente do céu (que tem a ver com um poema de Jorge Luis Borges).

Devo fazer concept art de um projeto de animação, um longa do RS aprovado no mesmo edital. Ano que vem, faço direção de arte de mais um ou dois filmes.

Nos intervalos, aprender a pintar, sair pra grafitar com os amigos, ver filme e ler gibi.

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3 respostas para Conversamos com Shiko

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