Dia da HQ Nacional – entrevista

A Itiban promove no dia 30 de janeiro, quarta-feira, um bate-papo e sessão de autógrafo com vários autores de Curitiba para celebrar o dia do quadrinho nacional. Fizemos uma pequena entrevista com os ganhadores do prêmio Angelo Agostini que estarão no evento.

Começando pelo veterano da nona arte, José Aguiar representa a Gibicon, que levou o troféu de melhor evento de 2012. Ele foi o principal curador do evento e é um de seus idealizadores, junto de Fabrizio Andriani.

Qual é a importância da Gibicon pros autores de Curitiba?

José Aguiar – A Gibicon, no meu entender, se torna um ponto focal. É o momento em que o autor local pode ser colocado lado a lado com os grandes artistas do resto do Brasil e também de fora do país. Ao menos nos dias do evento todo mundo pode ser “estrela”.

Trazer o mundo dos quadrinhos para cá serve de incentivo a muita gente. Aos que estão desanimados e não botam mais fé que é possível fazer e viver de quadrinhos e, principalmente, para quem quer começar e precisa de referencial e um fôlego que só um evento grande assim proporciona.

O prêmio Angelo Agostini confirma a força além de Curitiba do evento?

José Aguiar – Sim, um prêmio inesperado como esse é um ótimo termômetro do resultado dos dois anos de esforços de todas as pessoas que fizeram a Gibicon acontecer. Tenho certeza de que muito do que fizemos ficará reverberando até a próxima edição, em 2014. É uma energia muito positiva esse “farol” que acendemos e que tornou Curitba uma referência relevante de novo para o mercado editorial de HQs.

Você resolveu publicar Folheteen – Tiras pra todo lado por conta própria. Qual é essa diferença entre editora e autopublicação?

José Aguiar – Foi uma decisão até natural. Como autor eu não queria deixar passar a Gibicon, evento em que ajudo a lançar tantos trabalhos de autores do mundo todo, sem mostrar algo meu. E já fazia muito tempo desde a publicação do livro original de Folheteen, pela Devir em 2007. Como há muito tempo queria fazer uma antologia das tiras, que são pouco conhecidas fora de Curitiba, essa foi uma ótima oportunidade de divulgar minha personagem Malu e sua ironia. Pelo menos, entre meus colegas quadrinistas.
Creio que a principal diferença entre criar um livrocom uma editora estabilizada e a autopublicação está na escala do processo pois, na prática, a Quadrinhofilia é minha editora independente. Através dessa experiência tenho certeza de que estou ampliando meu domínio sobre os processos de edição. Algo que acho importante de todo autor conhecer.
Felizmente a autoedição tem se tornado cada vez mais recorrente e mostrado uma geração muito proativa e profissional, que está mudando o perfil da HQ nacional.

Cada vez mais gente tem partido pra autopublicação. Quais as vantagens e desvantagens que você vê nesse processo?
José Aguiar – A autopublicação impede que o autor fique parado. E que fique à mercê dos interesses de editores que não estão abertos a propostas diferentes. Isso lhe dá liberdade criativa total e responsabilidade sob todo o processo de produção, não somente na criação. Mas para isso é preciso disciplina e muito senso crítico.
Já o tempo e a energia dispendidos na distribuição e no retorno por parte dos pontos de venda é uma desvantagem nesse processo. Não há organização, nem muito respeito com o editor independente, o que acarreta em dificuldade primeiro lugar para entrar na loja. Depois para receber o valor sobre as vendas.

Ainda é cedo pra falarmos da Gibicon 2014 ou já pode adiantar alguma coisa?

José Aguiar – O coordenador geral do evento, o Fabrizio Andriani, está cheio de ideias. Especialmente para estreitar a relação do evento com os quadrinhos orientais. Mas ainda é muito cedo para falar de programação, que é onde entra minha curadoria. Mas com certeza serão repensados os espaços e formatos das atrações do evento, com base nas críticas do público e no que deu certo em nossas duas primeiras edições.

Também trocamos uma ideia com o pessoal do LoboLimão, que logo na sua primeira HQ impressa já levou o prêmio Angelo Agostini de Melhor publicação independente de 2012 com Last RPG Fantasy, que foi financiado via crowdfunding.

Como surgiu o estúdio LoboLimão? Desde o começo a ideia foi fazer HQ?

LoboLimão – A ideia do estúdio surgiu logo após a formatura do Yoshi no começo de 2010. O objetivo era reunir os colegas recém-formados e produzir quadrinhos, animações e games. O site foi ao ar em Junho de 2010 com a proposta de construir um público a partir da publicação de séries de tirinhas. Chegamos a produzir um curta animado e um fanzine e concluímos que a produção de HQ era mais viável devido o tamanho de nossa equipe: Yoshi, Keiichi e Saito.

Em qual momento vocês resolveram se publicar?

LoboLimão – Quando visitamos o FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), em Belo Horizonte em 2011, nos deparamos com publicações independentes de altíssima qualidade como o Achados e Perdidos e Valente. Notamos que poderíamos ir além dos tradicionais fanzines e bater de frente com publicações de editoras.

Por que a opção pelo financiamento coletivo? Por que não uma editora?

LoboLimão – O financiamento coletivo hoje é a melhor opção para projetos independentes. Além de ser uma forma de financiamento rápida (em dois meses você já está com o dinheiro em sua conta) e com pouquíssima burocracia, você já garante uma parcela de consumidores. Funciona como uma pré-venda e termômetro para saber se seu projeto está sendo bem visto ou não.

Pretendem continuar independentes?

LoboLimão – Publicar de forma independente nos garante total liberdade. Somos os responsáveis pela produção, pela divulgação, pela distribuição e ficamos com 100% do lucro e das despesas. Uma editora certamente nos garantiria uma posição mais confortável, mas acho que não gostamos de conforto. Pelo menos não por enquanto.

Eventos como a Gibicon são importantes pra projetar um lançamento desses?

LoboLimão – Com certeza! Os eventos são essenciais para a divulgação e vendas. Por concentrar um grande número de pessoas interessadas e predispostas a conhecer e comprar novos quadrinhos, eventos como Gibicon, ComicCon e FIQ são palcos perfeitos para lançamentos.


Então, não esqueça: dia 30, quarta-feira, 19h na Itiban. Além de José Aguiar e do trio do LoboLimão, também estarão presentes André Caliman, Leonardo Melo e a dupla da revista Capa Preta!

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3 respostas para Dia da HQ Nacional – entrevista

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