Depois de uma palhinha com Alexandre Lourenço, vai hoje a conversa com a Bianca Pinheiro, nossa outra convidada de sábado. Segue o papo:
Explica pra gente como foi o convite e de onde surgiu a ideia de Mônica – Força?
Bianca – Ei, você sabe como foi! você estava lá! hahaha! Bem, o Sidão fez uma pegadinha comigo, fingindo que queria me entrevistar pro Universo HQ, e soltando o convite no meio das perguntas. Passada a agitação inicial, ele me explicou que seria a primeira Graphic MSP solo dos personagens da turminha. E seria da Mônica. ainda durante o convite o Sidão já me explicou qual seria o tema da HQ (que não vou revelar aqui por motivos de spoilers) e que o que ele tinha em mente era uma situação em que a Moniquinha não pudesse resolver com sua força descomunal.
Foi difícil para mim acertar o roteiro. Eu estava mais tentada a ir para um lado aventuresco, sabe? Foi só no quarto roteiro que decidi fazer como ficou. A ideia que acaba ficando mais marcante, a da pia, surgiu porque eu queria que houvesse algo concreto acontecendo ao mesmo tempo. Algo que, a princípio fosse resolvível, saca? Tendo decidido isso, montar o resto da história foi de boa.
Como foi lidar com uma das personagens mais importantes do Brasil e ao mesmo tempo ser um trabalho de encomenda?
Foi mais difícil pensar que tanta gente leria (ainda mais depois de terem lido o lindo trabalho dos Cafaggi), do que lidar com escrever uma história da Mônica em si. Isso porque cresci lendo Turma da Mônica. Eu conheço aqueles personagens quase como se fossem meus, hahahha! Não tive nenhuma dificuldade nesse sentido. E o maior desafio foi mesmo ser um trabalho de encomenda, visto que nunca tinha feito uma HQ assim. Sempre lidei com as minhas HQs com toda a liberdade do mundo, fazendo a história que eu quisesse, a partir do argumento que eu quisesse, com os personagens que eu quisesse. Foi estranho, mas acabei pegando o jeito da coisa, hahaha. No final deu tudo certo, isso que importa! :D
Ok, pra onde mais Dimas e Raven vão? Fala a verdade, você tá se divertindo cada vez mais com Bear, né?
Dimas e Raven ainda vão passar por muitos e muitos lugares. Como pretendo que a série tenha ou 7 ou 10 volumes, bem, ainda tem muita coisa pra acontecer. E SIM, eu me divirto muito pensando na HQ como um todo. Adoro pensar em novos personagens, em novos lugares e em novas situações. Espero que eu não esteja me divertindo sozinha, hahahaha! A ideia é que, aos poucos, Bear deixe de ser sobre o objetivo inicial (levar a Raven de volta para casa) e passe a ser sobre a jornada em si. Sobre relações humanas (mesmo que animais) e sobre a vida e sobre as coisas que acontecem com a gente o tempo todo. Mesmo que você não seja uma água-viva falante com desejo de vingança, todo mundo sabe o que é se sentir desajustado em alguma situação. Bear é mais sobre essas coisas. Bear não é sobre a “trama”. Bear é sobre tudo o que tem ali. :3
Bear foi lançada fora do Brasil também? Como tem sido isso?
Ainda não. :( A editora francesa precisou dar uma segurada. Ao que tudo indica, teremos Dimas e Raven falando francês no ano que vem! :D
E agora em Gotemburgo, na Suécia, eu tive a oportunidade de entrar com várias outras editoras. Algumas suecas, algumas de outros países. E elas não demonstraram interesse somente em Bear, mas também em Dora e no Meu pai é um homem da montanha. Não sei onde isso dará, mas espero que resulte em bons frutos.
Fale um pouco sobre nosso outro convidado, o Alexandre Lourenço.
Quando eu conheci o trabalho do Alexandre, eu lia as HQs curtas dele pro Robô Esmaga, que depois virou livro pela JBC. e já ali eu pensava: esse cara é bom. e ficava me perguntando como seria uma HQ longa dele, com uma história só, a dita “graphic novel”. Por isso prefiro falar de Você é um babaca, Bernardo, que foi lançado agora, na Bienal de Quadrinhos de Curitba 2016, pela Editora Mino. Descobri que o que eu já suspeitava era verdadeiro: ele é muito bom fazendo HQs longas. Arrisco a dizer que ele é melhor na HQ longa, mas pode ser que seja porque gostei muito mesmo de Você é um babaca, Bernardo. Esse já é, na minha humilde opinião, o melhor quadrinho de 2016. É uma HQ sensível e sincera e bastante tocante, mesmo com tão poucas palavras e com desenhos (na maior parte do tempo) tão pequenos. A força que aqueles pequenos desenhos trazem à HQ é incrível. São expressivos e funcionam muito bem. Além disso, o Alexandre soube usar dos recursos dos quadrinhos de uma maneira muito, mas muito legal. só posso dizer a todos: leiam.
Também quero deixar aqui registrado que já teria gostado da HQ mesmo se ela fosse muito ruim porque eu e o Greg aparecemos vestidos de Raven e Dimas em uma festa à fantasia. E isso, meus amigos, não tem preço. Ainda bem que o livro é bom de verdade. assim não preciso mentir.