Explorando os limites das HQs

Patrice Killoffer

Quadrinhos experimentais.

Esse termo causa arrepio em muita gente apegada a uma narrativa clássica das HQs e, principalmente, a todos aqueles leitores que se indignam com quadrinhos “sem final”. Mas para os amantes da linguagem das HQs (aqueles que gostam da imagem+texto uma do lado da outra e não de uma versão estática da tela de cinema), os quadrinhos experimentais são uma maneira de esticar os limites e as possibilidades do uso das HQs.

Vale citar o Oubapo, grupo francês de autores que dialogam diretamente com os experimentadores do texto literário do Oulipo. Um exemplo dessa experimentação já publicado no Brasil é o 676 aparições de Killoffer. Aqui, um artigo de Daniel Werneck sobre o Oubapo e aqui mais informações sobre algumas regras do grupo. O Oubapo tem uma versão sulamericana, o Tahipo.

Chris Ware é outro autor que lida com o limite da forma nas HQs. Vide seu Building Stories.

No Brasil, a revista Beleléu aposta em HQs que vão por caminhos narrativos mais ousados. E Rafael Coutinho também gosta de testar possibilidades. Criou a coleção MIL para isso (que já lançou 11 revistas), produz o Beijo Adolescente, criou o projeto Gazzara e ainda se sai com projetos como a 1000 quadros.

Branca de Neve, por Rafael Coutinho

Para isso, Coutinho convidou o outro Rafael, o Sica (autor da revista Tobogã, a mais recente da MIL), para entrar nessa. Vale lembrar que o Sica é colaborador da Picabu, outra revista de HQs experimentais, e… bem, veja o trabalho dele no blog e na prévia de Ordinário, lançado pela Companhia das Letras.

A ideia do projeto 1000 quadros é que Sica e Coutinho desenharam 1000 quadros de HQ juntos e vão vender cada um deles por R$ 10. A ordem de venda vai definir a sequência narrativa da história. Algumas imagens e vídeos foram postadas pela página da Narval Comix no Facebook.

É uma nova proposta, em que além de autor e forma, engloba também a noção de mercado e o leitor. Ou seja, os limites a romper não são apenas da linguagem, mas de todo o entorno dos quadrinhos.

Além de tudo isso, ainda tem as HQs na internet, tipo Gnut, do Paulo Crumbim, que inclui recursos inexistentes no papel. Mas acho que isso é papo pra outro dia.

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