Uma das grandes notícias do ano para leitores de HQ “off super-herói e off infantil” foi a republicação no Brasil de Love & Rockets. Um abraço fraterno no pessoal da Gal editora por essa.
Vale explicar: o conteúdo de Lôcas – Maggie, a mecânica, é apenas uma das séries de L&R, produzida por Jaime Hernandez. Há uma outra que se chama Palomar, de autoria de Gilbert Hernandez e a revista ainda contava com histórias ocasionais dos dois e de seu irmão Mario Hernandez.
Os Bros Hernadez cativaram o público em 1981, nos EUA, com sua HQ independente de mulheres cheias de personalidade e inteligentes. Como o sobrenome entrega, eles são descendentes de mexicanos. Essa latinidade, bem como o espírito da década de de 1980, estão em Love & Rockets.
E não se pode esquecer da música. A atmosfera do punk está por ali, com várias citações de letras de canções, bandas que os personagens tem e shows de rock. Teve até uma banda, formada por 3/4 do Bauhaus, do “mundo real”que usou o nome das HQs:
Desde de 1982 eles são publicados pela Fantagraphics. Em Lôcas, a história trata de Maggie, que é mecânica de foguetes, e de Hoppey, sua amiga que parece ter uma quedinha por ela. E a gente que achava Estranhos no paraíso tão original, né?
Outras mulheres que são ex-lutadoras de lucha libre, bruxas visionárias e uma, Penny, quer ser uma super-heroína encorpam a história.
A força da série se dá na passagem do tempo, no revista após revista, pois os personagens, envelhecem, engordam, emagrecem e se transformam, trazendo um grau de realismo poucas vezes visto nas HQs.
Gilbert e Jaime lidam muito bem com a passagem de tempo nos quadrinhos, além de criar um mundo particular bastante interessante. Palomar é uma espécie de Gabriel García Márquez em quadrinhos, enquanto Hoppers é um mundo futurista, com as tramas focadas nos personagens e não no cenário.
Fica-se na torcida para que novos volumes de Lôcas apareceram nas estantes da Itiban, assim como novidades de Palomar.