Paulo Ramos e o Blog dos Quadrinhos

Paulo Ramos estará hoje na Itiban às 19h para o lançamento de seu livro mais recente, Revolução do Gibi. O livro marca um período importante para o autor: a longevidade do Blog dos Quadrinhos, espaço que o Paulo plantou na UOL para falar sobre histórias em quadrinhos. A proposta do livro é coletar parte do material publicado no Blog, atualizá-lo e organizá-lo.

“Quando surgiu a primeira consulta de levar o conteúdo do Blog dos Quadrinhos para o formato livro, a primeira pergunta que eu me fiz foi “para quê”? Se o conteúdo está disponível na internet, por que verter tudo para o papel? O contra-argumento que ouvi me convenceu: a internet tem tudo, sim, mas desconectado. A proposta seria dividir as informações por temas e mostrar a evolução de cada um dos assuntos ao longo dos anos. Isso se tornaria um registro que ajudaria a explicar as raízes de muitos dos cenários que vemos hoje e, ao mesmo tempo, permitiria entendê-los melhor. Outros dois diferenciais me convenceram: cada um dos capítulos traz um texto de contextualização e, ao final de cada uma das notícias, inseri um comentário, atualizando os dados. Enxergando dessa forma, eu mesmo me convenci de que o livro seria uma boa ideia. A obra seria um registro histórico do atual momento dos quadrinhos vivido hoje no país. Pessoalmente, gostei bastante do resultado final.”, Paulo explica por e-mail.

O paulista de São Caetano do Sul já foi âncora e editor-chefe de telejornal, mas hoje seu trabalho de jornalista foca-se na arte sequencial. “Os quadrinhos sempre foram um interesse pessoal para mim, leitura que começou quando ainda nem dominava as letras. A migração para o lado profissional ocorreu com a criação do Blog dos Quadrinhos para o portal UOL. Tenho mantido esse lado desde então. Ou melhor: esses lados, porque o gosto pessoal pelos quadrinhos continua intocável.”

Paulo Ramos no lançamento de Faces do Humor na Itiban em 2011

O Blog dos Quadrinhos se dedica como nenhum outro espaço jornalístico no Brasil aos trabalhos acadêmicos com HQs. Isso tem a ver com outro interesse pessoal de Paulo. “Há, talvez, um terceiro lado, que é o acadêmico. Isso surgiu com meu projeto de pós-graduação, iniciado em 2001 no curso de Letras da Universidade de São Paulo. A tese de doutorado fazia uma comparação entre as tiras cômicas e as piadas. Terminei a pesquisa em 2007. O resultado desse estudo se transformou no livro “Faces do Humor – Uma Aproximação entre Piadas e Tiras”, lançado no ano passado pela Zarabatana Books. Tenho escrito também outras publicações teóricas, tanto na forma de livros quanto de artigos científicos.” Paulo também é professor universitário na Universidade Federal de São Paulo.

Quando perguntado sobre a questão levantada por alguns quadrinistas brasileiros de que não haveria uma crítica de quadrinhos no nosso país, ele diz “Quando leio frases como “não existe crítica de quadrinhos no Brasil”, costumo devolver uma pergunta: o que se entende por crítica? É preciso ter essa questão clara antes de avançar a discussão. Entendo que haja crítica, sim, mas entendo também que ainda predomine a reprodução de informação, às vezes cega, sem questionamento. Isso para o jornalismo como um todo, e não só para o de quadrinhos, é ruim. A quem gosta de bons textos, recomendo as colunas de Érico Assis e de Eduardo Nasi, no meu entender dois expoentes que iluminam os rumos da crítica brasileira de quadrinhos de hoje no Brasil.”

As demais perguntas para o Paulo ficam para o bate-papo com o público hoje a noite. Venha e alimente-se!