Casais dos quadrinhos

Algumas pessoas conquistam muito mais coisas juntas do que conseguiriam separadas, e quando resolvem juntar definitivamente suas vidas, em vez de se partirem ao meio, multiplicam-se por dois.

Olivia Palito e Popeye, Minie e Mickey, Fantasma e Diana, Rosinha e Chico Bento, Clark Kent e Lois Lane, Katchoo e Francine, Batman e Robin (por que não?). O mundo dos quadrinhos é feito de muitos casais emblemáticos.

Do lado de cá das páginas, existem também grandes casais ligados às HQs, tipo o roteirista Brian Azzarello (100 Balas) e a desenhista Jill Thompson (Beasts of burden), Paulo Crumbim e Cristina Eiko (o casal A2), Robert e Aline Crumb, a Mitie e o Xico (!) e Françoise Mouly e Art Spielgeman.

E aproveitando que na próxima semana eles vão estar aqui no Brasil, falemos pois do Art e da Françoise.

Art Spiegelman carrega o epíteto “autor de Maus” por onde for. Essa obra é tão importante e teve tanto reconhecimento crítico que se tornou indissociável dele. Em seu álbum Breakdowns, Spielgeman fala sobre a sombra e a cobrança que decorreram de sua obra-prima.

Mas ele já era um artista importante muito antes da publicação de Maus. Spielgeman se juntou ao movimento underground dos quadrinhos norte-americanos no quase místico ano de 1968. Publicou e desenhou em diversas revistas – parte desse material pode ser lida em Breakdowns.

Em 1980, ele e Françoise Mouly editaram a revista RAW, em que publicaram Chris Ware (Jimmy Corrigan), Daniel Clowes (Mundo Fantasma e Wilson), Charles Burns (Black Hole), Lorenzo Mattotti (Estigmas) e um grande etc.

Françoise, francesa, chegou nos EUA  em 1974. Apesar de ter trabalhado como colorista para a Marvel (entre diversos outros trabalhos mais braçais), o seu maior interesse sempre foi pelos quadrinhos ligados à contracultura. Em 1977, um ano depois de se conhecerem, ela e Spielgeman fundaram uma editora para publicar arte alternativa.

Enquanto editava a sua revista com Françoise, Art começou a desenhar Maus. Ele terminou a obra em 1986, que foi publicada em série na revista RAW a partir de 1987. Nesse mesmo ano, Françoise passou a editar e fazer o design de livros para as editoras Random House e Penguin. E desde 1993, ela é a editora de arte da grande revista New Yorker. Spielgeman também trabalhou para a New Yorker entre 19936 e 2001, como capista – mas suspenderemos um pouco esse assunto, que vai ganhar uma postagem à parte.

Emblemática capa da edição de setembro de 2001

Spielgeman coletou a história de Maus em dois volumes, lançados em 1991 e 1992, e recebeu o prêmio Pulitzer pela graphic novel.

O casal ainda editou o livro Little Lit em uma divisão júnior da RAW e fundou a editora de livros infantis Toon Books, que publicou Joca e a Caixa, de Spielgeman, O ratinho se veste, de Jeff Smith (no Brasil, ambos pela Cia. das Letras), entre outros. Art ainda publicou À sombra das torres ausentes, sobre os atentados de 11 de setembro, e Meta Maus, livro em que conta o processo criativo de sua obra mais aclamada.

Françoise foi consagrada chevalier da Ordem de Artes e Letras pelo ministro da cultura e comunicação francês. Art Spielgeman foi o presidente do júri do prêmio de Angoulême em 2012, o troféu mais importante dos quadrinhos europeus.

Robert Crumb, Françoise Mouly e Art Spielgeman, por Austin Kleon

E para nossa alegria, eles virão semana que vem, juntinhos como sempre, a São Paulo, para conversas e autógrafos.  Estaremos lá também. Acompanhe o blog que contaremos tudo.


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